The Beast Inside

"Era escuro. A porta se abriu com um ranger sinistro, e a luz que tinha na sala acabou iluminando um pequeno pedaço do quarto. Vi a sombra dela, com um longo vestido preto brilhoso, parada na porta. Pude ouvir sua respiração ofegante de longe e sentia que ela olhava fixamente pra mim. Sentei me encolhendo na cama, e ela veio até mim. Tentei gritar mas ninguém se mexer. Mordo meus lábios até sangrarem, torço meus dedos até quebrarem e pude sentir sua mão gelada no meu rosto. Use-os, corrompe-os, instiga-os... porque se você não fizer, seus demônios o farão. - disse ela." - "Fontana".

AAAHHHHH - gritava Liz, enquanto se debatia na cama. Os demais peões acordam, com os gritos de Liz e rapidamente Bianca e Manoel tratam de acordar a peoa, que tremia pálida. Liz? Liz?... Olhe pra mim, o que houve? - perguntava Bianca enquanto consolava a peoa. Vou buscar um copo de água - diz Nicolas. Eu preciso... eu preciso de ar! - dizia Liz ofegante. Manoel pede para os demais se afastarem, e com a ajuda de Bianca, conduzem Liz para a varanda. Mas já? Acordei atoa - ironiza Isaura. Os peões voltam pra suas devidas camas, mas Ana Luíza arranja um jeito de dormir com Léo, pois tinha ficado com medo.

Ainda estava bastante escuro e a noite era muito gelada. Nicolas só levou o copo com água até a porta e depois voltou á dormir. Manoel entregou o copo, mas Liz negou e ficou por um bom tempo em silêncio. Manoel chega á cochichar com Bianca, sobre o que tinha acontecido, mas a peoa pede paciência, pois Liz se abriria na hora certa. Okay - responde Manoel, que se vira pra voltar pra sede. Desculpe por ontem Manoel, aquela não era eu. - diz Liz. Eu já esqueci, pode ficar tranquila - responde Manoel, que em seguida entra pra dentro. Liz, se precisar pode conversar comigo| Obrigada Bianca, mas não é necessário - diz Liz, que deixa a varanda e vai dar uma volta na completa escuridão. Use o medo.

O dia amanhece e os peões levantam das camas. Melina comenta com os demais que Liz não tinha voltado desde quando saiu, mas ninguém se importou muito, além de Bianca "ela precisa de um tempo sozinha". Isaura tinha ficado estressada com suas olheiras, devido á "criancice" de Léo que em vez de voltar á dormir ficou de conversa fiada. Que isso Isaura? Seus filhos devem estar te achando engraçada - diz Léo. Isaura revira os olhos e responde: Você acha mesmo que meus filhos estão assistindo um programa desses? Cheio de baixarias e má influências? Meus filhos só vêem programas educacionais á fim de...| Á... conversa aí com a minha mão - dizia Léo saindo do quarto.

Os peões que tinham tarefas com os bichos, foram deixando á sede um á um e quem ficou, teve de fazer o café da manhã, e lavar as louças da noite passada. Parabéns ao nosso Fazendeiro, que é um grande administrador! - dizia Mucura enquanto queimava os bolinhos que fritava - coloca as mulheres todas pra fazer os bichos e a gente é que paga o pato. Cara eu não sei cozinhar.| E pode fazer melhor porque isso aí tá horrível - dizia Isaura jogando seus biscoitos no lixo.| Tira ela daqui porque depois eu é que serei o grosso - fala Mucura, que escuta um "faça o seu serviço quieto" de Mateus. Esse povo está estressado hoje - rebate Mucura.

Betany tinha levado suas amigas pra um pequeno passeio á cavalo, e enquanto elas se divertiam, Nadja separava o lixo de olho naquela cena. Deviam estar trabalhando não acha? E cadê o Mateus pra colocar ordem? Péssimo Fazendeiro, eu faria tudo diferente - resmungava Nadja. SOCORRO! Como que para isso aqui? - gritava Karina, enquanto o cavalo corria. Betany logo socorre sua amiga, que pede desesperada pra descer. Meu amor, meu negócio é o samba. E é isso o que vou ensinar pra você depois. Agora me tira daqui meu "chero". - dizia Karina enquanto Betany ria, elas descem dos cavalos e voltam á pé lá pra cima. No caminho, elas encontram Liz, de cabeça baixa, sentada no campo. Use o medo.

No galinheiro Melina se concentrava na coleta de ovos, e para isso tinha de manusear as galinhas para não ser "bicada". Após se desviar duas vezes, de "Linda" ~~nome que tinha posto carinhosamente na galinha~~ o terceiro foi certeiro em seu dedo, e até que não achou á dor tão ruim assim. Oi? Alguém quer minha ajuda aqui? Não consigo ficar parada - dizia Bianca, entrando no galinheiro. Melina deixa a cesta de ovos pra lá e vai de encontro com a peoa. Achei você Melina| Eu já terminei por aqui, obrigada| Não é isso o que eu vejo - responde Bianca, que deixa Melina torcendo os dedos. Juro que não vou atrapalhar. - diz Bianca dando um sorriso.

Horas mais tarde, os peões foram fazer o quilo do almoço e Betany junto á Karina vão logo contar á Léo e Ana Luíza, que Liz "não está batendo bem das idéias e deu pra falar sozinha". Ana Luíza faz uma cara de desinteressada e deixa os demais cochicharem sobre o assunto. Gente não olhem agora, mas acho que o Manoel está olhando pra mim! - dizia Ana, mudando completamente de assunto - disfarça Léo.| Amiga, acho que ele não está te olhando não. É impressão sua - diz Betany. É porque ele está disfarçando né? - diz Ana Luíza. Léo revira os olhos e Betany vira o olhar para Manoel, que rapidamente desvia quando ele á olha de volta.

A gente podia fazer uma coisa mais diferente, tem tanta comida na despensa e não podemos deixar apodrecer - dizia Nadja á Nicolas, Bianca e Melina. Os encarregados no jantar. - Alex, você podia ia buscar aqueles sacos de farinha. São muito pesados pra gente. Dentes de Sabre acena, com a cabeça e vai pra despensa, pela porta da varanda onde Liz entra meia aérea. Pensei que estivesse morta! - diz Nadja com sarcasmo. Não estou me sentindo muito bem| Talvez você ficar de fofoquinha por aí te ajude á melhorar - rebate Nadja á Liz, Bianca então se intromete: Porque você está sendo grossa?

Nadja e Bianca tem uma leve troca de farpas, mas logo tudo se resolve e eles voltam á preparar o jantar. Pra descontrair Bianca joga um pouco de farinha no rosto de Melina, que devolve, e depois Bianca rebate e acaba sobrando até pra Nicolas. Eles riem um da cara branca do outro, mas do nada Melina perde o sorriso. O jantar foi posto á mesa, e pela primeira vez parece que tinha paz ali. Obvio que cada um estava no seu jeito "estranho", mas foi um ótimo jantar. Depois disso, sonolentos os peões se esparramam pela sala e quarto e tinham conversas por todos os cantos.

Liz tinha ido beber uma taça de vinho á beira do deck e tentava esquecer á todo custo o sonho horrendo que teve com sua tia na noite passada. Era impossível esquecer. Use o medo. Precisava de algo mais forte que um vinho, mas não tinha. Não sou forte o suficiente. Sim você é!. Magoei pessoas. Deixe pra lá!. Tentei, juro que eu tentei. Eu sei, eu senti. Afinal, quem é você?. Eu sou... sou você. A melhor parte de você. O que você quer?. Que me deixe sair. Não posso! Você não tem escolha. Uma pontada sinistra parece atingir Liz, a que faz desabar no chão, junto á cacos de que já foi uma garrafa de vinho. Ela se levanta ignorando os cortes e vai...

A despensa estava cheia. Comida, bebidas, utensílios básicos... Não precisava de muito. Ela pega 4 frascos de álcool, os joga em cima dos armários, no chão, lixeira, papéis... o fósforo já estava em suas mãos, ela o acende e o deixa cair sob o armário de madeira... O fogo consome o resto. Fumaça preta é exalada, e aquele odor de fumaça, chega ás narinas dos peões. De onde vinha? Não sabiam, mas todos correm em desespero.